despejo verbos em toneladas
para denunciar a verba pra essa manada
que pastores canalhas roubam
do ministério da educação
eu sou o cão
Ouremos
a dor
do ciúme
érika era o azul
entre a serra e o vinhedo
a jura secreta
na carne das vinículas
nosso segredo sagrado
por entre as vinhas de Bento
o beijo quase rasgado
dentro das taças de vinho
e tanto amor prometemos
em rendas brancas de linho
érika era o azulzinho
por entre as tranças do vento
bebendo meu desalento
no interior da cozinha
e a mãe sôfrega na cama
ardendo o seu queixume
fazendo amor e
vertendo a dor do ciúme
Federico Baudelaire
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ensaiando
três personagens
à procura de um autor
li ontem alguns poemas
nem sei de quem eram
depois um texto longo
também nem sei de onde veio
aquele longo texto me dizia
:
estou dentro da garrafa
afogado na areia da praia
caramujos e mariscos
me engoliram quando mergulhei
na onde atlântica sem saber
não era pacífica era tempestade
trago riscos trago tragédias e risos
me procurem do outro lado da ponte
e lá que irão me encontrar
Rúbia Querubim
ensaiando
três
personagens
à procura
de um autor
peguei um texto aqui
com signos de comunicação
indeciflável
e ainda por cima sem assinatura
nem sei se é de poeta escritor
ou letra de algum cantor
só conseguir ler uma frase
pois não sei se podemos
chamar isso de verso
:
moro não é mais candidato
a presidente botou o rabo
entre os dentes trocou
até de partido para não ser preso
vai tentar cadeira na câmara
dos deputados esse brasil tá fudido
e não tem nada de engraçado
EuGênio
Mallarmè
www.arturfulinaima.blogspot.com
miliciano
travestido de presidente
nenhum rito nenhum mito
que isso aqui não é atenas
muito menos heras de grécia
itálias de venetto palanque
pra prometeu
nenhum grito de miliciano
travestido de presidente
que mata em nome de deus
Gigi
Mocidade
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O
poeta enquanto coisa
Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados
o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética
na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado
atentado
poético
a hipocrisia aqui é muita
liberdade muito pouca
com meus dentes de navalha
vou rasgar a tua roupa
esse poema beijo/bomba
vai explodir na tua boca
a flor
da boca
ficamos duas horas em frente a casa velha aline
perseguia os pássaros e eu comia o vento que passeava entre a pele eriçando os pelos
ela me falou do prazer que ainda não tinha vivido e me mostrou a flor da boca
tinha gosto de saudade o tempo da escrita e tudo que ali fizemos
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revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me
acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal
catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o
éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da
janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos
canteiros ouvindo o som que nos unia
naquela
noite de chuva
as cores no vestido de Yansã passaram
despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do
Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha
tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as
sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de
chuva num coração estraçalhado
Artur Gomes
intervenção poética
2
Buena à Vista - del Santa Cruz de La Sierra
Puerto Viejo - Bolívia - fronteiras com o
Brasil/Pantanal
para Mocy Cirne - in Memória
aí Pedro Bial/TV Golpe - esse é o Rio de Janeiro
que eu quero
quero um Rio de Janeiro
sem farda sem capacete
intervenção militar é o K ralho
não tente nos enganar
com essa carta do baralho
de olho na eleição
violência com violência
não se extermina nunca não
o chefe dos traficantes
mora nas Minas da conspiração
quero uma intervenção poética
bebendo o caldo da ética
embaixo os Arcos da Lapa
Cinelândia, Glória, Catete
Flamengo, Botafogo, Laranjeiras
Copacabana, Ipanema, Lagoa
Gávea até o baixo Leblon
quero a poesia vermelha
da tua boca de baton
da Rocinha ao Corcovado
da Maré a São Conrado
o olho no front da Barra
com toda palavrAção
no morro do Alemão
quero festa pra Bracutaia
nós vamos invadir sua praia
no grande mar da subVersão
dentro da carne que não sai
a carne de maçã: teu corpo devorei a cada dentada
metáfora à flor da pele toda nua me recebeu na cama que era o chão da sala há 6
anos desejava teu corpo como quem deseja um prato de comida quando a fome é
tonta nossa meta é física e o amor é quântico sem lucidez alguma até que passe
a fome e o amor acabe
Artur Gomes Fulinaíma
www.fulinaimargem.blogspot.com
nem santa
nem puta
apenas filha
dessa ilha
seja do que for
Federika Lispector
Cia Desafio De Teatro
Uma Noite De Natal – 2014
Waterkis – Selecione Água
2015
A Nossa Casa É Um Teatro – 2016
leia mais no blog
www.ciadesafiodeteatro.blogspot.com
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