domingo, 26 de março de 2023

Gigi Mocidade

só esse realismo fantástico
me faz suportar a região dos lagos
o trabalho o Campus não avança
não encontro gente capaz de diálogo
macabea não tem útero tamanho
para aguentar a cena - mal atriz
e frouxa perde o fôlego no meio do caminho

me sinto só - isolada - dentro de um deserto
embora o mar sempre me convida ao reconforto
e o sal é um grande repositor de energias
e o mar aqui além de lindo tem sal de sobra
e por enquanto isto me basta
para ir tocando minha obra
com a navalha na liga
e palavra entre os dentes
enquanto o meu amor não chega
para algum ensaio da Mocidade Independente

Gigi Mocidade

www.porradalirica.blogspot.com


bendito os homens
que sabem abrir seus corações
e se derramam em amor
por todos os poros

bendita a mulher
que sabe perceber no colo
a pulsação
o sentido útero
a gravidez - o parto

para eles
abro todas minhas portas
e janelas
meus cinco ou mais sentidos
se preciso for

a eles dedico toda
carne todo sangue
corpo inteiro
e o que de mais sagrado
tenho guardado aqui
na minha carne em flor

Federika Lispector


domingo, 19 de março de 2023

Tragédia - Comédia

 

Tragédia

Tragédia (do grego antigo τραγ
δία, composto de τράγος, "cabra" e δή, "música") é uma forma de drama que se caracteriza pela sua seriedade e dignidade, pondo frequentemente em causa os deuses, o destino ou a sociedade.

Suas origens são obscuras, mas é, certamente, derivada da rica poética e tradição religiosa da Grécia Antiga. Suas raízes podem ser rastreadas mais especificamente nos ditirambos, os cantos e danças em honra ao deus grego Dionísio (conhecido entre os romanos como Baco). Dizia-se que estas apresentações etilizadas e extáticas foram criadas pelos sátiros, seres meio bodes que cercavam Dionísio em suas orgias, e as palavras gregas τράγος, tragos, (bode) e
δή, odé, (canto) foram combinadas na palavra tragosoiodé (algo como "canções dos bodes"), da qual a palavra tragédia é derivada. No sentido vulgar, tragédia, desgraça e drama são sinônimos.

Índice
1 Teorias sobre a tragédia
2 Tragédia grega
3 Tragédias medievais
4 Tragédias modernas
5 Autores de tragédia
6 Referências

Teorias sobre a tragédia

O filósofo Aristóteles teorizou que a tragédia resulta numa catarse da audiência e isto explicaria o motivo dos humanos apreciarem a assistir ao sofrimento dramatizado. Entretanto, nem todas as peças que são largamente reconhecidas como tragédias resultam neste tipo de final catártico - algumas tem finais neutros ou mesmo finais dubiamente felizes. Determinar exatamente o que constitui uma tragédia é um assunto frequentemente debatido. Alguns sustentam que qualquer história com um final triste é uma tragédia, enquanto outros exigem que a história preencha um conjunto de requisitos (em geral baseados em Aristóteles) para serem consideradas tragédias.

Tragédia grega

Final "trágico" do Rei Édipo na tragédia de Sófocles: Édipo é consciente de sua culpa e dá facadas em seus olhos
A literatura grega reúne três grandes tragediógrafos, cujos trabalhos ainda existem: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.

O momento mais importante de representação de tragédias ocorria durante as Grandes dionísias, também chamadas Dionísias urbanas, festival que tinha lugar na Primavera, em honra de Diónisos. Nesse festival, tal como nas Dionísias rurais e nas Leneias, os tragediógrafos concorriam a um prêmio, geralmente com três tragédias e uma peça satírica cada.

Aristóteles dedicou boa parte de sua obra A Poética aos estudos e análise da tragédia, que tinha grande papel na cultura grega e, posteriormente, ocidental. Apesar de descritivo, seu trabalho foi posteriormente tomado como prescritivo por muitos estudiosos.

Aristóteles descreve a tragédia como imitação de uma ação completa e elevada, em uma linguagem que tem ritmo, harmonia e canto. Afirma que suas partes se constituem de passagens em versos recitados e cantados, e nela atuam os personagens diretamente, não havendo relato indireto. Por isso é chamada (assim como a comédia) de drama. Sua função é provocar, por meio da compaixão e do temor, a expurgação ou purificação dos sentimentos (catarse).

A tragédia clássica deve cumprir, ainda segundo Aristóteles, três condições: possuir personagens de elevada condição (heróis, reis, deuses), ser contada em linguagem elevada e digna e ter um final triste, com a destruição ou loucura de um ou vários personagens sacrificados por seu orgulho ao tentar se rebelar contra as forças do destino.

Aristóteles divide a tragédia em prólogo, episódio e êxodo. Segundo ele, a parte do coro se divide em párodo, estásimo e êxodo. A ordem seria o prólogo precedendo o párodo (entrada do coro), seguido de cinco episódios alternados com os estásimos e a conclusão com o êxodo, a intervenção final e saída do coro.

Apesar da abundante produção na antigüidade, a maior parte das tragédias gregas não sobreviveu até os nossos dias.

A impressão generalizada é de que, com o declínio de Atenas como cidade-estado, a tradição da tragédia desvaneceu. O erudito inglês Gilbert Murray usou a expressão "uma falha de nervos" na tentativa de demonstrar que, com a decadência dos assuntos externos, o alto idealismo descrito nas tragédias cedeu lugar ao ceticismo. Por outro lado, Friedrich Nietzsche, em sua obra "O Nascimento da Tragédia" (1872), aponta o otimismo de Sócrates como grande responsável por desviar a atenção dos gregos das tragédias para a filosofia. De qualquer forma, do período helenístico, restou-nos pouca coisa, com destaque para a tragédia conhecida como Exagoge, escrita por Ezequiel, um judeu de Alexandria.

Os romanos são acusados de não terem sido capazes de reavivar a tradição dramática, por terem se atido excessivamente às adaptações das tragédias gregas, mas sem revelar o mesmo sentimento trágico; e, por isso, tenderam mais ao melodrama. Quando Eurípedes escreve "As Bacantes", ele coloca em cena a chegada do deus Dionísio à cidade de Tebas (que, nas tragédias, sempre representava Atenas), e a partir daí ele procura problematizar a existência do inconsciente, ou seja, do autoconhecimento. Dionísio é o deus da arte, o deus-espelho que reflete para as pessoas o que elas são, e a partir de então elas podem aceitar o que são e o que os outros são, podem aceitar o diferente: começa a surgir o conceito de humanidade, de que o ser humano pertence a um universo maior que o da pólis. Dionísio trava uma batalha com Penteu, o rei de Tebas, que não aceitava as idéias que Dionísio trazia. Penteu é um personagem elevado, que tem motivos nobres em relação à sua cidade, mas carrega consigo idéias de uma época vencida.

Também podemos ver o caminho para uma nova sociedade, com nova dimensão individual, na trilogia tebana, de Sófocles. Formada pelas três peças “Édipo Rei”, “Édipo em Colono” e “Antígona”, a trilogia trata do novo conceito de homem e da humanidade, bem como questiona o poder dos deuses e a autoridade do sagrado.

Quando os gregos puderam assistir à peça "Édipo Rei", eles já conheciam o mito de Édipo – já sabiam que o personagem tinha matado seu pai sem sabê-lo, e que tinha se casado com sua própria mãe, e assistem à viagem de Édipo para dentro de si mesmo, para o auto-conhecimento. Sófocles questiona a autoridade do sagrado, pois Édipo não havia conseguido escapar de sua maldição, mas tentou a todo custo não cumprir o prometido pelo sagrado: no final das contas, os espectadores da peça ficam em dúvida, divididos entre aceitar o que for definido pelo sagrado ou rebelar-se contra este. Sófocles enfraquece o sagrado, ao mesmo tempo em que mostra um Édipo que passa a conhecer a si mesmo, cegando-se no momento em que vê sua amante/mãe morta.

Temos dois personagens que, em oposição um ao outro, mostram dois diferentes destinos: enquanto que Penteu, de Eurípedes, fica completamente louco por não aceitar cultuar Dionísio (por não aceitar conhecer a si mesmo, por não aceitar o deus do auto-conhecimento); Édipo se torna, como podemos ver em “Édipo em Colono”, um senhor que se conhece e se sustenta sozinho, com a força que ele encontra dentro de si mesmo: Édipo perde a família e sua cidadania, mas ele já é um indivíduo, e não se considera culpado por ter feito tudo o que fez pois ele não teve domínio de si. Vemos, na segunda peça da trilogia (em ordem cronológica), um homem que desafia o sagrado e a pólis.

A partir do autoconhecimento, é possível encontrar forças em si mesmo e, assim, não será mais necessário que os deuses controlem o homem, e não será mais necessário que a cidade seja fechada, pois quando o homem conhece a si mesmo, ele entende o homem, e portanto aceita o xenos (estrangeiro), passando a ter o novo conceito de humanidade.

O texto da segunda parte da trilogia de Sófocles, "Antígona", foi escrito antes daqueles que o antecedem, e portanto parece ser um pouco deslocado. Nesta tragédia, Antígona (filha de Édipo) se encontra em uma situação muito complicada: seu irmão Polinices está morto e foi proibido pelo rei Creonte de ser enterrado. Caso ela não enterre seu próprio irmão, ela não lhe concederá o culto religioso que completará o ciclo da vida, e cometerá um erro impensável para com sua família. No entanto, se Antígona enterrá-lo, ela cometerá um crime contra a cidade visto que o rei proibiu que qualquer um o enterrasse.

Sófocles coloca, nesta peça, um problema complexo para o qual ele ainda não tem solução: o sistema familiar e o sistema político, sobre os quais se estabeleceram as bases da sociedade grega, são excludentes, e não podem viver em harmonia. A solução para o embate é dada nas peças anteriores (que na verdade foram escritas depois): o indivíduo. E o texto de Eurípedes reforça a importância do deus Dionísio, que é um estrangeiro, um outro, mas ao mesmo tempo representa o autoconhecimento e a valorização e aceitação de si próprio e do interior.

A partir das tragédias, começará a se desenvolver a filosofia socrático-platônica, que desenvolverá o conceito de alma, de que o homem só conhece o mundo quando conhece a si próprio, e de que o maior conhecimento é o conhecimento de si mesmo.

Analisando a cronologia das apresentações das tragédias aqui comentadas, podemos ver que houve um avanço no que se relaciona com a o tratamento dado à dimensão individual. Em 447 AC foi encenada a peça "Antígona", que apresenta o problema entre as duas dimensões existentes na sociedade. Quarenta anos mais tarde, em 427 AC, os atenienses assistem a "Édipo Rei" e percebem a importância do autoconhecimento. Somente 22 anos mais tarde, em 405 AC, a peça de Eurípedes é encenada, em meio a uma Atenas totalmente abalada e dizimada pela Guerra do Peloponeso: o cidadão ateniense vê que não aceitar Dionísio pode ser desastroso, em função do que acontece com Penteu. Apenas 4 anos depois, Sófocles mostra, em "Édipo em Colono", uma tragédia que não é bem uma tragédia: Édipo continua sendo um homem elevado, mas não comete nenhum erro trágico – ele já se tornou um indivíduo, um homem que se conhece e conhece o próximo, e se desprende totalmente do sagrado.

Em anos, estas quatro tragédias gregas causaram o despertar de uma nova filosofia com Sócrates e Platão. Nesse tempo percorrido, formou-se o embrião a filosofia que nortearia, alguns séculos mais tarde, toda a sociedade ocidental.

Tragédias medievais
As tragédias medievais, como as clássicas, seguem muitos dos preceitos aristotélicos. Entretanto, os trabalhos produzidos durante a Idade Média geralmente tratam de temas de cavalaria e Cristandade e seus preceitos morais.

Não existem exemplos de tragédias escritas durante a Idade Média. Duas epopeias medievais importantes, que trazem ingredientes trágicos, mas são apenas longos poemas narrativos são Beowulf e La chanson de Roland.

Tragédias modernas
É atribuída ao italiano Gian Giorgio Trissino a autoria da primeira tragédia moderna nos moldes clássicos, realizada no Renascimento: Sofonisba, de 1515. Em língua portuguesa é registrada Castro, de A. Ferreira, provavelmente escrita depois de 1550. Na França, Cleópâtre Captive, de Jodelle, exibida em 1552, recebeu a distinção para a língua francesa, dada por Ronsard [1].

Um dos grandes tragediógrafos nos tempos modernos foi Jean Racine, que trouxe um novo aspecto ao gênero com seus trabalhos. Quando a sua peça Bérenice foi criticada por não conter nenhuma morte, Racine contestou a visão tradicional de tragédia. Seu rival, Pierre Corneille, também deixou sua marca no mundo da tragédia com peças como Medée (1635) e El Cid (1636).

Na língua inglesa, as mais famosas e bem sucedidas tragédias foram as escritas por William Shakespeare. As obras de Shakespeare tiveram e tem grande influência na literatura ocidental, e incluem tragédias extremamente famosas, como Romeu e Julieta, Hamlet e Otelo, entre muitas outras.

Autores de tragédia
Ésquilo
Eurípedes
Sófocles
William Shakespeare -

Referências

Apontamentos feitos por Clóvis Monteiro em "Esboços da história literária" - Livraria Acadêmica - Rio de Janeiro - 1961 - Pg.20.
Leitura adicional
Albin Lesky, A History of Greek Literature, Indianápolis, 1996.
Milton Luiz Torres, A Exagoge: O Êxodo como Drama, Cachoeira, 2002.
Moses Madas, A History of Greek Literature, New York, 1965.
P. E. Easterling, Historia de la Literatura Clásica: Literatura Griega, Madrid, 1990.
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Fontes
Introdução de Anne Lebeau para Les Tragiques Grecs - Théâtre Complet; Classiques Modernes; Éditions de Fallois, Livre de Poche; 199 


Comédia

A comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode estar presente em um espetáculo, história, ou até mesmo em um filme, que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, que faz rir.

Índice
1 Características
1.1 Comédia grega
1.2 Atualmente
2 Ver também
3 Ligações externas

Características

Uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cômico está baseado no fato de um ou mais personagens serem enganados ao longo de toda a peça. À medida que o personagem vai sendo enganado e que o equívoco vai aumentando, o público vai rindo cada vez mais.

Comédia grega

No surgimento do teatro, na Grécia antiga, a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da pólis). Isso pode ser comprovado através da divisão dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro, na Grécia. Ser escolhido como jurado de tragédia era a comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já o júri da comédia era formado por cinco pessoas sorteadas da plateia.

A importância da comédia era a possibilidade democrática de sátira a todo tipo de ideia, inicialmente política. Assim como hoje, em seu surgimento, ninguém estava a salvo de ser alvo das críticas da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os deuses (como pode ser visto, por exemplo, no texto As Rãs, de Aristófanes).

Atualmente

Hoje a comédia encontra grande espaço e importância enquanto forma de manifestação crítica em qualquer esfera: política, social, econômica. Encontra forte apoio no consumo de massa e é extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da indústria do entretenimento.

Assim, atualmente, não há grande distinção entre a importância artística da tragédia (mais popularmente conhecida simplesmente como drama) ou da comédia. Em defesa do gênero, o crítico de artes Rubens Ewald Filho lembra o ditado: "Morrer é fácil, difícil é fazer comédia". De fato, entre os artistas, reconhece-se que para fazer rir é necessário um ritmo (conhecido como timing) especial que não é dominado por todos.

É difícil analisar, cientificamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Mas uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal. Para rir de um fato é necessário reconhecer (rever, tornar a conhecer) o fato como parte de um valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro, usual e pode-se portanto rir dele. As pessoas com frequência não conseguem achar as mesmas coisas engraçadas, mas quando o fazem isso pode ajudar a criar laços poderosos. 

silêncio gritos & sussurrosa

 silêncio gritos & sussurros


o seu corpo/poema
pede-me silêncio
ou algazarra?

farra
de bocas pernas coxas
línguas e dedos
nos recantos mais profundos
por onde dorme o teu desejo?

carícias delicadas
pela nuca
em torno da orelha
lábios deslizando
ao redor do teu umbigo?
o que o seu corpo/poema
quer viver comigo?

o seu corpo/poema
no deserto das delícias
é escorpião ou percevejo?

é calmaria
ou tempestadade
no alto mar da liberdade
pede-me noite ou claridade
ou
implora-me desesperadamente
os mais selvagens beijos?

Artur Gomes
Toda Nudez Não Será Castigada

www.arturkabrunco.blogspot.com


POEMA OBSCENO

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira
Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)

Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
— e espreitam.

© FERREIRA GULLAR
In Na vertigem do dia, 1980 


Não há Vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabem no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores
está fechado:
“não há vagas”

Só cabem no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema senhores,
não fede
nem cheira

Ferreira Gullar


 Subversiva


A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

Ferreira Gullar
in Na Vertigem do Dia 1980 


intervenção poética

 

Poema de Artur Gomes no Lula Livro
Lançamento Oficial dia 13 de Agosto - 20h
no Teatro Oficina em São Paulo

intervenção poética

minha metralhadora
cospe poesia porque o tempo não para
coice dentro da noite
caçando luz na escuridão

o tempo despeja
os ponteiros do relógio
sobre nossas carcaças
fumegantes

nervos e músculos
sustentam ossos em nossos corpos
vulneráveis aos contra-templos
dos trilhos

clamo por intervenção poética
no morro do encantado
lançando fogos de artifícios
chuva de poemas
na cabeça dos fardados
com papel para imprimir
flores - na boca dos fuzis
de cada soldadinho de chumbo

Artur Gomes
 

www.fulinaimagens.blogspot.com


o significado das coisas

 

em tempos de crise
a crase oculta
o significado das coisas

Artur Gomes
Projeto Foto.Poesia


curso livre de teatro


Exercício Cênico do Curso Livre de Teatro 2018

Módulo I
Turma Inciante: “Leminskiando em Cena”
Turma Avançado: “Viva, Uma Ode ao Teatro Nacional”

Como aconteceu em 2017 o Curso Livre de Teatro apresenta seus exercícios cênicos, só que dessa vez nas comemorações dos 20 anos do Teatro Municipal Trianon, com duas apresentações resultantes do estudo do primeiro Módulo de 2018.

Os atores Iniciantes, dirigidos pelos professores: Artur Gomes, Luciano de Paula e Érica Pontes passeiam pelo o universo poético de Paulo Lemisnk, trazendo a tona, numa performance de rua, a transgressão de seus poemas que atravessaram o tempo e professam a alma inquieta do autor, cheio de música, cores e identidade.

Os atores da turma avançado fazem uma ode aos principais e mais importantes autores do teatro brasileiro, dirigidos pelos professores: Fernando Rossi, Luciano de Paula e Érica Pontes.

“Pluft, o fantasminha” de Maria Clara Machado, “O Pagador de Promessas” de Dias Gomes, “Gota D’Agua” de Chico Buarque, “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues entre outros, compõem um exercício cênico emocional, com grandes interpretações e momentos de puro encantamento, vividos em cenas com enorme teatralidade.
Os espetáculos acontecem no Domingo, dia 29 de Julho, ás 18 horas no Teatro Municipal Trianon.

Entrada Franca.

Coordenação Geral: Gerência de Artes e Ofícios!!! — com Maria Cristina Torres Lima em Teatro Municipal Trianon.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Geleia Geral - Rádio Caiana


Hoje às 20h

Geleia Geral

Rádio Caiana

www.radiocaiana.com.br

 

Gravamos ontem com Paulo André Netto Barbosa o primeiro Geleia Geral com participação especialíssima da minha querida amiga parceira Marcella Roza cantando à capela Vapor Barato (Jards Macalé/Wally Salomão).

Além de uma seleta musical com meus parceiros Paulo Celso Ciranda Reubes Pess Otávio Cabral Naiman e Luiz Ribeiro e duas faixas com poesia e som instrumental de Fil Buc fluiu ainda um breve bate papo focado na minha trajetória desses 50 anos de poesia. Esse programa de estreia vai ao Ar hoje às 20h.


terça-feira, 14 de março de 2023

Hera

 

HERA
por Fernanda Lima

Hera era uma rainha do Olimpo, conhecida também como a deusa protetora do casamento, da vida e da mulher, governava Olimpo ao lado do seu marido o Zeus, filha de Cronos e Réia. Tem como seu animal preferido o Pavão e é associada ao signo de Escorpião. Tinha a fama de ser ciumenta com razão, pois Zeus era muito infiel - de todos os filhos que Zeus teve, dois foram concebidos em seu casamento com Hera que foi Ares (deus da guerra) e Hefesto (deus do fogo). Hera considerava muito o casamento e foi muito humilhada por Zeus por suas traições e o que a deixou muito triste, foi quando ele sozinho gerou sua filha Atena, mostrando que não precisava de Hera nem para conceber um filho.

Um dos episódios de ciúmes de Hera foi com Calisto (deusa) que por ter muita beleza conquistou seu marido, mas Hera para separar os dois a transformou em uma Ursa. Calisto ficou muito isolada de todos e também com medo da floresta por causa dos caçadores. Até que um dia ao reconhecer seu filho Arcas correu para abraçá-lo, mas Arcas já preparava sua lança por não reconhecer sua mãe. Hera vendo o que aconteceria lançou um feitiço e enviou os dois para os céus que viraram constelações, a Ursa maior e a Ursa menor. Porém como Hera ainda tinha muita raiva de sua rival pede para Tétis e Oceano, divindades do mar, para que não deixem descansarem em suas águas, e com isso essas duas constelações sempre ficam em círculos e nunca descem para trás das águas como as outras estrelas.

Outro episódio de ciúme de Hera foi quando Zeus, por saber que Hera estava chegando e ele estava com uma de suas amantes (Io), a transforma rapidamente em uma vaca. Hera, muito desconfiada, pede para Zeus aquela vaca de presente e Zeus não podendo negar um presente, o dá para sua esposa. Ela então coloca aquela novilha aos cuidados de Argos, um monstro de muitos olhos, que ao dormir nunca fechava todos com isso a novilha estava sempre sendo observada. Mas Zeus ao ver o sofrimento da amante pede para que Hermes mate Argos. Então, Hermes toca uma música, fazendo Argos dormir completamente, fechando todos os olhos.

Após isso, Hermes arranca-lhe a cabeça.
Hera muito triste pelo acontecimento, pega todos os olhos e coloca na cauda de seu pavão, onde eles estão até hoje. A deusa continua perseguindo Io, mas Zeus promete que não terá mais nada com a amante - Hera aceita a promessa e devolve a aparência humana à Io.
Hera durante muito tempo não só perseguia as amantes, mas também os filhos que Zeus teve fora do casamento. E sempre foi considerada a deusa protetora das mulheres casadas.

 

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Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade   Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia   mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no qu...