quinta-feira, 31 de março de 2022

OUremos


 OUremos

 

despejo verbos em toneladas

para denunciar a verba pra essa manada

que pastores canalhas roubam

do ministério da educação

eu sou o cão

 

Ouremos



a dor do ciúme

érika era o azul
entre a serra e o vinhedo
a jura secreta
na carne das vinículas
nosso segredo sagrado
por entre as vinhas de Bento
o beijo quase rasgado
dentro das taças de vinho
e tanto amor prometemos
em rendas brancas de linho
érika era o azulzinho
por entre as tranças do vento
bebendo meu desalento
no interior da cozinha
e a mãe sôfrega na cama
ardendo o seu queixume
fazendo amor e
vertendo a dor do ciúme


Federico Baudelaire

www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com 



ensaiando

 três personagens

           à procura de um autor

 

li ontem alguns poemas

nem sei de quem eram

depois um texto longo

também nem sei de onde veio

aquele longo texto me dizia

:

estou dentro da garrafa

afogado na areia da praia

caramujos e mariscos

me engoliram quando mergulhei

na onde atlântica sem saber

não era pacífica era tempestade

trago riscos trago tragédias e risos

me procurem do outro lado da ponte

e lá que irão me encontrar

 

Rúbia Querubim

www.fulinaimargem.blogsot.com



ensaiando

três personagens

à procura de um autor

 

peguei um texto aqui

com signos de comunicação

indeciflável

e ainda por cima sem assinatura

nem sei se é de poeta escritor

ou letra de algum cantor

só conseguir ler uma frase

pois não sei se podemos

chamar isso de verso

:

moro não é mais candidato

a presidente botou o   rabo

entre os dentes trocou

até de partido para não ser preso

vai tentar cadeira na câmara

dos deputados esse brasil tá fudido

e não tem nada de engraçado

 

EuGênio Mallarmè

www.arturfulinaima.blogspot.com



miliciano travestido de presidente

 

nenhum rito nenhum mito

que isso aqui não é atenas

muito menos heras de grécia

itálias de venetto  palanque pra prometeu

 

nenhum grito de miliciano

travestido de presidente

que mata em nome de deus

 

Gigi Mocidade

www.fulinaimamultiprojetos.blogspot.com




O poeta enquanto coisa

Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados

o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética

na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado



atentado poético

a hipocrisia aqui é muita
liberdade muito pouca
com meus dentes de navalha
vou rasgar a tua roupa
esse poema beijo/bomba
vai explodir na tua boca


a flor da boca

ficamos duas horas em frente a casa velha aline perseguia os pássaros e eu comia o vento que passeava entre a pele eriçando os pelos ela me falou do prazer que ainda não tinha vivido e me mostrou a flor da boca tinha gosto de saudade o tempo da escrita e tudo que ali fizemos


61

revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos canteiros ouvindo o som que nos unia


naquela noite de chuva

as cores no vestido de Yansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva num coração estraçalhado



paixão é quando
linguagem de cinema
corta o verso do avesso
e a cena segue em outra dimensão
sem seta sem endereço
como se a nova meta
enlouquecesse o coração

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com




intervenção poética


2

Buena à Vista - del Santa Cruz de La Sierra
Puerto Viejo - Bolívia - fronteiras com o Brasil/Pantanal
para Mocy Cirne - in Memória

aí Pedro Bial/TV Golpe - esse é o Rio de Janeiro que eu quero

quero um Rio de Janeiro
sem farda sem capacete
intervenção militar é o K ralho
não tente nos enganar
com essa carta do baralho
de olho na eleição
violência com violência
não se extermina nunca não

o chefe dos traficantes
mora nas Minas da conspiração

quero uma intervenção poética
bebendo o caldo da ética
embaixo os Arcos da Lapa
Cinelândia, Glória, Catete
Flamengo, Botafogo, Laranjeiras
Copacabana, Ipanema, Lagoa
Gávea até o baixo Leblon

quero a poesia vermelha
da tua boca de baton

da Rocinha ao Corcovado
da Maré a São Conrado
o olho no front da Barra
com toda palavrAção
no morro do Alemão
quero festa pra Bracutaia
nós vamos invadir sua praia
no grande mar da subVersão


 

dentro da carne que não sai


a carne de maçã: teu corpo devorei a cada dentada metáfora à flor da pele toda nua me recebeu na cama que era o chão da sala há 6 anos desejava teu corpo como quem deseja um prato de comida quando a fome é tonta nossa meta é física e o amor é quântico sem lucidez alguma até que passe a fome e o amor acabe


Artur Gomes Fulinaíma

www.fulinaimargem.blogspot.com



poétika

nem santa
nem puta
apenas filha
dessa ilha
seja do que for

Federika Lispector



Cia Desafio De Teatro

 A Cia Desafio De Teatro foi criada por Artur Gomes, em 2014, no SESC Campos, no Curso de Artes Cênicas dirigido por ele até 2016. No SESC o elenco da Cia era formado pelos alunos do Curso que resultou em 4 montagens:

 Nos Tempos da Foto Novela – 2014

Uma Noite De Natal – 2014

Waterkis – Selecione Água  2015

A Nossa Casa É Um Teatro – 2016

 De 2015 a 2017 a Cia Desafio de Teatro atuou no SINASEFE no Curso de Teatro MultiLinguens participando com encenações no Sarau Baião De Dois. Em 2017 a Cia participou também com encenações diversas no Sarau Manguinhos Vive, na praia de Manguinhos em São Francisco do Itabapoana.

 A partir do mês de maio, a Cia Desafio de Teatro passará a atuar na ONG Beija Flor – Casa da Solidariedade em Gargaú, dentro da programação do Projeto Arte e Cultura, com uma proposta de Teatro Popular para encenações em espaços não convencionais.

leia mais no blog

www.ciadesafiodeteatro.blogspot.com


terça-feira, 29 de março de 2022

mulher de nuvens

 


mulher de nuvens
para Micaela Albertini

fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ou ventania nas chegadas

Rúbia Querubim

www.fulinaimacentrodearte.blogspot.com

o homem com a flor na boca



Passaporte para uma viagem ao desconhecido

Novo e-Book do poeta Artur Gomes já está na fita, clica baixa gratuitamente e lê:
https://jidduksonline.com.br/ornitorrincobala-arturgomes.../


cacomanga

na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais

 

Do livro Pátria A(r)mada

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com

Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 – whatsapp

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

segunda-feira, 28 de março de 2022

onde a poesia se espalha

onde a poesia
se espalha
a língua nativa
não é fogo de palha
é brasa viva

 

Artur Gomes

In Pátria A(r)mada 



Poética 86

teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?
derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata


Gigi Mocidade

www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com



Pornofônico confesso


se este poema inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em letal porno grafia
na sagração da mulher

me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja/devora
palavra por palavra
a fome por dentro e fora
em pornofonia sonora

me diga Lady Senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga Bia de Dora
num plano lítero/estético
qual humano ou cibernético
que te masturba ou te deflora

Artur Gomes
o poeta enquanto coisa

www.secretasjuras.blogspot.com


Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade   Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia   mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no qu...