quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

múltiplas poéticas

felicidade clandestina

olhar-me no espelho
-mulher
que gostosa que tu é!

pijama esgarçado e furado
numa noite
sem prazo determinado

lamber picolé
explicitamente

o sexo que me consome
agora é prazer
que me come

menstruação
quando acaba

num balanço de praça
perdido
encontrar o voo
merecido

molhar o pão
no café com leite

amar com esperança
uma taça de vinho
e uma dança

sentir a barra da saia
roçar os pés
em sandálias

perceber
que a ruga cura
o que assusta
na amargura

caber na mini saia

lutar e não ganhar
em paz

reconhecer em mim
a multidão dos outros
deixar que falem
até que se calem

observar borboletas
lembrando das lagartas

saber da própria ignorância
e dormir
depois de um chá quente
a melhor noite.

 

só mais um passo

e o três vira quatro

 

que venha

calmo e simples

sem enfeite

 

que venha

sol

e chuva

sem expectativas

e sem promessas

 

que venha

a roupa no varal

a lágrima

e o consolo

no beijo molhado

no abraço apertado

 

só mais um passo

 

avante

adiante

respire

inspire

 

mais um

passo

 

alinhe a coluna

 

mais um

só mais um

 

pise firme

 

sinta(xe)

na frase

nas relações

com ou sem concordância

na subordinação

pelo desejo de equilíbrio às vontades

e na ordem do teu pulsar

 

mais - um – passo

 

devagar

des-liiiize

se precisar

 

neste cronômetro

humanômetro

o que importa

é caminhar

 

Vai!

 

Flávia Gomes

Mais um número para conta, amigos.

Celebrem!

Um grande beijo a todos!


Pátria


"Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

– Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo."

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN



Fátima GUIMARÁES

Trago nas pálpebras cansadas
o peso de todas as demoras

na pele ressequida pelo sol
trago a sede de teu indomável rio

nos lábios orvalhados
trago ainda o perfume do teu corpo
e nos olhos todos os sonhos e desejos

trago o mar nas mãos
e as dunas por entre os dedos. 



Aroldo Pereira

nossos suportes da insubordinação. livros q dizem não ,desdizem , contrapõe ao q vira escola... celebram ao q subverte. seguimos o ritmo do abraço, da linguagem corpórea, vibrante, sambando sob a sombra do poste. Não importando se você não gosta. gostámos do q pulsa humano.soberano. frevando na ladeira do morro, sambando com mestre zanza, irmão Anelito De Oliveira ,cumpadre raimundo colares , buscando o beijo do cinema do delirio. poesia não tem tradução, nem aceitação, é tudo rebelião. pensamos q seguimos & retornarmos. circulo circulando.parangolivro, parangolares,parangosario,parangolamos pela lapa, pelo céu & inferno da sua boca. sigamos deserdados nessa trilha q continuamos a inventar.você consegue aparecer por lá...

Mais um querido amigo que dá seu depoimento sobre meu livro de ensaios recém-lançado (e ainda à venda), Mosaico. Palavras de Sady Bianchin

 "O livro Mosaico de Marcelo Mourão está bem fundamentado com teoria consistente , argumentado e presente no contexto da contemporaneidade. É um destaque editorial para compreender os chamados "escritos ensaios ", com a habilidade e o talento peculiar do autor carioca."


Minhas mãos escrevem cartas
Elaboram pareceres, argumentos
Peticionam.

Limpam janelas, portas, paredes
Areiam a pia, panelas e a superfície do fogão.

Estendem roupas, arrumam a casa
Engomam vestidos
Amassam o pão.

Abrem livros, vinhos e jornais
Aram a terra, fazem a rega.

Minhas mãos se erguem para a luta

Acenam adeus e olá

Minhas mãos compõem poemas
E apertam outras mãos

Mas se justificam
Quando percorrem
O teu corpo

Manuela Lopes Dipp 



Você já ouviu falar em Hilária Batista de Almeida? Talvez possa até não conhecê-la por esse nome, mas, se frequenta as rodas de samba do Rio de Janeiro, saiba: deve, e muito, a ela.

Em um dia 13 de janeiro, há 170 anos, nascia uma das principais personagens no desenvolvimento e consolidação do samba no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, durante o final do século XIX e início do século XX, Tia Ciata foi a mais famosa das “Tias baianas”, que deixaram Salvador com destino ao Rio para fugir da perseguição policial.

Foi quando trouxe consigo o samba de roda, um papel crucial na preservação das tradições culturais africanas no Brasil, criando um espaço em sua casa para práticas religiosas, danças e músicas originárias de países da África.

Em sua residência, na Pequena África, como era conhecida a Praça Onze, no centro do Rio, acolheu grandes nomes do samba, como Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, Sinhô e João da Baiana.

Em um destes encontros na antiga Rua Visconde de Itaúna, onde mostrava as suas habilidades tanto versando em partido-alto quanto sambando o “miudinho”, presenciou a composição de “Pelo telefone”, posteriormente o primeiro samba gravado no Brasil - que tem como autores Donga e Mauro de Almeida.

Por isso, sempre que pisar em uma roda de samba, agradeça à Tia Ciata e a seu papel essencial na criação e expansão do samba e na formação cultural e musical do Rio de Janeiro.

✊🏿Para saber mais:

📕Livro Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro: escrito pela historiadora Júlia T. S. de Almeida.

🎬Documentário Tia Ciata - A Mãe do Samba: com direção e roteiro de Mariana Campos e Raquel Beatriz.

📍: Visite a Casa da Tia Ciata, que fica na Rua Camerino, 5 - Centro. 



Jorge Luis Borges (1899 — 1986)

“O tempo é a substância da qual sou feito. O tempo é um rio que me arrebata; mas eu sou o rio. Tempo é o tigre que me destrói; mas eu sou o tigre. Tempo é o fogo que me consome; mas eu sou o fogo.”

Cresceu falando inglês e espanhol em Buenos Aires. No ano seguinte Borges, com 9, traduziu para o espanhol “O Principe Feliz”, a história para crianças de Oscar Wilde.

Com 11 anos já lia Shakespeare, no original, parte de sua educação bilingue. Em casa, convivia com a biblioteca de mais de mil volumes, do pai. Em 1914, no começo da Primeira Guerra, Borges foi com a familia morar em Genebra, Suiça, onde passou dez anos.

Publicou os primeiros poemas em espanhol em 1923. Em 1945 escreveu o conto El Aleph, onde, num degrau de escada de um porão, o personagem principal da história, o poeta Daneri (uma mescla de Dante+Aligheri) descobre o infinito, a fonte de toda inspiração no universo.

Em 1950 Borges, com 51 anos de idade, fica completamente cego e escreve o poema:

“Nadie rebaje a lágrima o reproche
esta declaración de la maestría
de Dios, que con magnífica ironía
me dio a la vez los libros y la noche (a cegueira).”

“A verdadeira história não é o que sucedeu; é o que pensamos que sucedeu.”

“De todos os instrumentos, o mais maravilhoso de todos é o livro. Os outros instrumentos são extensões do corpo. O microscópio e o telescópio são uma extensão da visão. O telefone é uma extensão da voz e da audição. A pá e a enxada são extensão dos braços. O livro é uma coisa completamente diferente: é uma extensão da memória e da imaginação.”.

“Estoy solo y no hay nadie en el espejo.”

“Acredito que, com o tempo, chegaremos ao ponto em que não precisaremos mais de governo.”

“Quando os escritores morrem eles se transformam em livros – o que me parece uma reencarnação nada má.”

“Não tenho certeza se de fato existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que conheci, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei…”

“Deixe que os outros se vangloriem de todas as paginas que escreverem. Prefiro me vangloriar por todas as paginas que li.”




 Com Os Dentes Cravados Na Memória

 

A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.

 

A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas.

O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá canibal Tupiniquim.

 

Artur Gomes

https://arturgumes.blogspot.com/




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